A Via Campesina e a União Nacional de Camponeses, lançaram nesta quarta-feira, 24 de setembro na União das Cooperativas Agrícolas de Marracuene o segundo Volume do estudo “As Camponesas são Mulheres- Retratando a Violência contra as Mulheres Rurais na África Austral e Oriental, uma publicação que busca trazer a interseccionalidade de ser mulher e mulher camponesa, mostrando as múltiplas e interligadas formas de violência enfrentadas pelas mulheres camponesas em África.
A publicação fala sobre a violência e exclusão que esta camada vivencia na África Austral e Oriental, e também, traz alguns casos de sucessos testemunhados em alguns países. As Camponesas são Mulheres busca mostrar neste estudo que as mulheres não estão isoladas na luta contra a violência e discriminação baseadas no género.
Este estudo baseia-se no primeiro volume, intitulado “As camponesas são mulheres: compreendendo a violência contra as mulheres rurais na África Austral e Oriental”, lançado em Março de 2023, na cidade de Maputo, que ilustra as realidades vividas por estas mulheres e as estratégias que utilizam para resistir à opressão e transformar as suas comunidades.
O estudo revela conclusões importantes, tais como a negação sistemática dos direitos das mulheres à terra ameaças à soberania das sementes, uma vez que a agricultura industrial, leis restritivas sobre sementes e organismos geneticamente modificados (OGM´s) prejudicam os sistemas de sementes geridos por camponeses.
Segundo Susan Owiti, as camponesas são mulheres é também um grito de socorro e apelo à acção e “lembra-nos que a luta pela soberania alimentar não pode ser separada da luta pela justiça de género”.
Aos governos africanos, o estudo apela por investimento em serviços rurais, mecanismos de protecção e acesso à justiça para sobreviventes de violência de género e garantam direitos iguais às mulheres em relação à terra, sementes e territórios bem como respeito e promoção da liderança e participação das mulheres camponesas nos espaços políticos e de tomada de decisão.